A Antiguidade Tardia e as raízes esquecidas da espiritualidade ocidental
Quem buscar escolas de teologia com um interesse de entender a busca humana por clareza espiritual, encontrará cursos profissionalizantes: a teologia contemporânea está mais preocupada em formar gerentes de igrejas do que em explorar a conexão entre espiritualidade e razão. Ao invés de um campo vibrante de debates, cursos de teologia cristã no Brasil baniram Platão e o neoplatonismo de seu currículo sob a alegação de serem 'influências pagãs'; o resultado é uma teologia confessional e anti-intelectualista, pouco interessada nos fatos constitutivos da espiritualidade ocidental (para a qual o platonismo serviu de base filosófica).
Este projeto busca superar essa limitação e se volta para a Antiguidade Tardia (sécs. III-VII d.C.), um período fascinante e pouco estudado. Nele, o pensamento grego dominado pela filosofia se transformou; doutrinas filosóficas foram vertidas em sistemas de religião que hoje dominam o mundo. Foi nessa era de transição que o platonismo se tornou uma linguagem espiritual compartilhada por místicos e bispos, por ortodoxos e heresiarcas. A espiritualidade no Ocidente e em grande parte do Mundo Islâmico, arrisco dizer, é fundamentalmente neoplatônica; os termos de sua teologia mudam, mas seus anseios são os mesmos. Este site expõe argumentos que me levaram a essa conclusão.